SiteLock As minhas primeiras trilhas nas florestas - Demis Lima

As minhas primeiras trilhas nas florestas

Meu envolvimento com as florestas começou, com pequenas trilhas de um dia. Trilhas de ecoturismo com amigos e familiares. Por anos e anos eu visitava a região de Paranapiacaba. Ao chegar no local você se depara com um lugar, que parece ter parado no tempo, mas que ainda guarda na memória a boa herança da arquitetura inglesa, dos tempos da ferrovia.

ESCUTE ESSE TEXTO : As minhas primeiras experiências nas florestas.

Imagem de Maria Aparecida Costa

De fato há 30 anos, eu não tinha nenhuma noção da Ecologia de uma floresta, mas sentia profundo prazer em estar nesses locais, em parte: pelo prazer da caminhada, pelas aventuras, por conta da companhia dos amigos, pela beleza das paisagens, pelo clima, pelas águas dos rios, córregos e cachoeiras.

Essas primeiras experiencias foram muito importantes para mim. Vejo hoje como elas me afetaram profundamente.


Imagem de Maria Aparecida Costa

Reitero que nessa época, eu não sabia nada de Botânica. Não sabia o nome de nenhum “pé de pau” ou “pé de planta”. Não entendia ‘lhufas’ de Biologia ou Ecologia. Minhas aulas do colégio, sobre esses temas, eram inócuas. Cursar uma faculdade parecia algo distante, ainda mais de Biologia. Meus conhecimentos sobre jardinagem ainda nem existiam. Eu era meio árido, como a cidade em que havia nascido. O termo alienado cairia perfeitamente, como descrição da minha pessoa, nessa período da vida.

Imagem do autor.

A floresta de fato é um local com grande diversidade de formas de vida. A diversidade animal nem sempre é passível de ser vista, mas a diversidade da flora é bem visível e sempre fica no mesmo lugar. Isso tornou as trilhas que fiz repetidas vezes, algo como que a encontrar velhas amigas arbóreas, mesmo que eu não soubesse o nome das espécies vegetais, elas estavam lá, quase sempre no mesmo local.

Dado importante: as coisas existem, mesmo que não saibamos ainda seu nome, ou mesmo, que não tenhamos a mínima noção de sua existência.

Imagem do autor.

Eu me recordo claramente de passar a pé pela diversidade da floresta, sem compreender quase nada dos fenômenos que estavam ali ocorrendo, mas sentia prazer de contemplar aquela beleza toda. Era como seu eu fosse um Extra terrestre em meu próprio planeta.

Eu era de fato eu era um analfabeto ambiental, mas sensorialmente a floresta era um local muito agradável.

Sensação parecida tive ao visitar o MASP , Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, localizado na icônica avenida Paulista, na capital paulistana. O MASP é considerado uma das principais instituições culturais do Brasil, abrigando ininterruptas exposições artísticas de grandes nomes da arte moderna e contemporânea. Nesse museu cheio de obras de arte, eu não tinha muita ideia sobre a importância real do que eu estava vendo, mas, mesmo assim, era muito agradável. Reconheço que me faltava uma base para compreender melhor o que eu estava apreciando nas florestas e no MASP.

Imagem do autor.

Uma experiência que me recordo bem na floresta atlântica, em Paranapiaca era da mudança dos ventos, das formações de neblinas e névoas úmidas. Sensação de ‘estranhamento melancólico’, que me trazia lembranças vívidas da minha infância lá da zona norte da capital paulistana, onde isso acontecia também na década de 1980, por causa de uma outra formação florestal: a Serra da Cantareira.

As vezes a cerração em Paranapiacaba, com aquele nevoeiro espesso fantástico, aquela densa neblina em suas construções inglesas, causava-me esse “estranhamento mágico”.


Imagem de Maria Aparecida Costa

Andar em Paranapiacaba é estar a todo o momento no passado e no presente.

A arquitetura de casas de madeira, algumas transformadas em restaurantes, lojas, pousadas ou barzinhos. Até hoje preserva alguns pontos turísticos da época, como o Castelo – uma construção em estilo vitoriano localizada no alto de uma colina, o maquinário do relógio da Estação Alto da Serra e o Clube União Lyra Serrano, uma das últimas edificações feitas pelos britânicos.

A vila que pertence ao Município de Santo André em São Paulo tem o clima subtropical úmido e é conhecida por sua neblina, que deixa um encanto mágico para quem vai.

Com a Mata Atlântica, o lugar também tem trilhas com cachoeiras (necessário agendamento e acompanhamento de guias locais e autorizados).

Farei uma série de postagens sobre as florestas, com a minha visão particular sobre elas e sobre a importância das árvores nas florestas. Venha comigo, nessa viagem por diferentes experiências e formações florestais.

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