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GRANDES MARCOS BOTÂNICOS


Ancestrais do musgo moderno

Primeiras plantas resfriaram atmosfera da Terra há 470 milhões de anos. Quase meio bilhão de anos.

As primeiras plantas terrestres eram ancestrais do musgo moderno e se espalharam lentamente pelas rochas. Para sobreviver, extraíram dessas rochas minerais como cálcio, magnésio, fósforo e os submeteram a reações químicas.

Essas reações ao longo de milhões de anos causaram um impacto enorme no clima do planeta e devem ter levado a uma extinção em massa nos mares – mas abriram caminho para o florescimento da vida como a conhecemos.

As plantas têm poder sobre o clima. Mas, apesar de elas continuarem esfriando a Terra até hoje ao reduzir os níveis de dióxido de carbono, elas não conseguem acompanhar a velocidade com que o ser humano produz o CO².

Na verdade, seriam necessários milhões de anos para que o CO² que nós produzimos fosse processado pelas plantas.

“As plantas têm um papel regulatório central no controle do clima. Elas fizeram isso ontem, fazem hoje e, seguramente, farão no futuro.”

Primeiras plantas com flores

As plantas com flor surgiram ao mesmo tempo que os dinossauros datam de há 247-242 milhões de anos ( 1/4 de bilhão de anos)

“Fósseis de grãos de pólen fazem recuar os antepassados das plantas em 100 milhões de anos.

Uma equipe da Universidade de Zurique, na Suíça, descobriu fósseis daqueles que poderão ser os mais antigos antepassados das plantas com flor. Os grãos de pólen fósseis encontrados datam de há 247-242 milhões de anos, a mesma altura em que surgiram os dinossauros, e antecipam em mais de 100 milhões de anos o aparecimento deste grupo de plantas.

Os grãos de pólen destas plantas, semelhantes aos das angiospérmicas modernas (plantas com flor), encontrados no período Triásico, revelam-se muito diversificados e evidenciam uma grande adaptabilidade a ambientes diversos. Porém, o registo fóssil das angiospermas durante o período geológico seguinte ao Triásico, o Jurássico, revela-se muito pobre. Surgindo a maior parte dos fósseis a partir do Cretáceo inferior, o que leva muitos autores a defenderem que as mais antigas plantas com flor têm cerca de 130 milhões de anos.”

As flores de uma planta aquática fossilizada encontrada na China, a “Archaefructus sinensis”, eram até então as mais sérias candidatas as primeiras flores da Terra. “Mas com base na nossa investigação sabemos agora que a “Montsechia” é contemporânea, ou mesmo mais antiga, do que a “Archaefructus’. Um observador menos avisado não identifica, no entanto, os fósseis encontrados como plantas com flores. 
“A “Montsechia” não era constituída por componentes típicas das flores atuais, como pétalas e estruturas produtoras de néctar para atrair insetos” e vivia todo o seu ciclo de vida debaixo de água”.

As primeiras árvores

AS PRIMEIRAS ÁRVORES – há 385 milhões de anos atrás

É difícil saber com certeza qual era o formato das primeiras árvores do mundo.

Os cientistas acreditam que as primeiras árvores que surgiram pareciam muito com palmeiras.

Os fósseis de 385 milhões de anos indicam que estas árvores tinham cerca de dez metros de altura, uma coisa gigantesca para a vegetação do período.

Em escavações os paleobotânicos descobriram pedaços do tronco de uma Árvore imensa.

Esteve pelo nosso planeta durante o período Devoniano, mais ou menos 140 milhões de anos antes dos dinossauros surgirem.

As primeiras árvores pertenciam a um grupo evolutivo das samambaias, chamado Wattieza.

Diferente das plantas atuais que usam flores e sementes como forma de reprodução, esta planta usava esporos, como muitas samambaias, algas e fungos usam.

O longo tronco despido de ramos e folhas terminava numa enorme rama que se dividia em minúsculos ramos.

As muitas raízes, que a fixavam ao chão e absorviam água e nutrientes, eram todas do mesmo tamanho.

Quando surgiu a mata atlântica

Quando e como surgiu a Mata Atlântica, com sua exuberante diversidade?

Ao longo da costa leste do Brasil, alinham-se cadeias de montanhas onde se desenvolve a floresta conhecida como Mata Atlântica. A vegetação dessas montanhas, por sua proximidade com o litoral, sofre influência marcante dos alísios, ou seja ventos carregados de umidade, vindos do oceano.

A Mata Atlântica é uma típica floresta tropical, semelhante em diversos aspectos à Floresta Amazônica, mas apesar do razoável grau de afinidade entre as composições florísticas, a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica estão isoladas desde o período terciário e pelos paleoclimas do Quaternário, entre 65 milhões e 1,7 milhão de anos atrás, o que permitiu que adquirissem características próprias. Atenção para os milhares de anos.

Estudos paleoambientais indicaram um clima progressivamente mais árido no período terciário que permitiu que a Caatinga, o Cerrado e o Pantanal – dominados por uma vegetação herbácea aberta, mais seca e arbustiva – formassem uma barreira formidável entre as duas grandes florestas amazônica e mata atlântica.

No quaternário foi mais frio, com até 17 eras glaciais, com intervalos glaciais mais duravam mais tempo que os de calor. Embora a ocorrência de períodos mais úmidos e quentes no recente pleistoceno tardio e Holoceno a 1,6 milhões de anos, tenha permitido o estabelecimento de corredores florestais entre a Mata Atlântica e a Amazônia, por dezenas de milhares de anos, a Mata Atlântica evoluiu em grande parte com pleno isolamento geográfico. A palavra chave aqui é isolamento que gerou biodiversidade.

Esta floresta ocupa a faixa litorânea até a cota máxima de 1.000 metros, originalmente estendendo-se por aproximadamente três mil quilômetros ao longo de toda a costa brasileira, do Rio Grande no Norte ao Rio Grande do Sul.

O que fizemos com essa floresta de milhares de anos, foi reduzi-la a quase nada nos últimos 500 anos e caminhamos para fazer o mesmo com a grande Floresta Amazônica. Estamos transformando as paisagens em áreas com baixa diversidade e em muitos casos em pastos sem árvores.

Bibliografia: A Ferro e fogo


A DOMESTICAÇÃO DAS PLANTAS

 

A domesticação das plantas tem um relacionamento direto de interação com o ser-humano.

É um processo evolutivo operando sob a influência de atividades humanas. Pode-se também definir que a domesticação das plantas é um processo evolutivo, constituído de inúmeras mudanças genéticas e morfológicas, que podem ser percebidas a partir de modificações comportamentais humanas, as quais estão diretamente relacionadas com o desenvolvimento da agricultura de subsistência (cultivo), efetuada, primariamente, pelo grupo dos caçadores-coletores.

Devido a multidisciplinaridade do assunto, envolve: antropologia, arqueologia, bioquímica, genética, geografia, linguística, biologia molecular, fisiologia, sociologia e botânica sistemática.

É um dos processos mais importantes relacionados com a história dos seres humanos no planeta, por ter permitido ao homem a possibilidade de selecionar e, posteriormente, cultivar espécies para o seu próprio consumo. Sendo assim, a domesticação das espécies foi decisiva na mudança do comportamento humano e, dessa forma, pode ser considerada um pré-requisito para o surgimento das civilizações.

Nos últimos anos, foram desenvolvidos modelos matemáticos baseados em estimativas empíricas de coeficientes de seleção, os quais indicam que a domesticação de uma espécie não necessariamente necessita de centenas ou milhares de anos, e sim que pode ocorrer em torno de 20 a 100 anos.

A domesticação tem o marco inicial na ação dos homens primitivos, os quais, inicialmente, eram considerados seres ignorantes e indolentes, mas que recentemente – em virtude de estudos arqueológicos – passaram a ser considerados como “profissionais primitivos”.

Essa alteração na denominação dos ancestrais ocorreu por causa de uma série de considerações, tais como o grande número de ferramentas desenvolvidas, número de espécies coletadas (em torno de 2.500 espécies de plantas superiores), além do amplo conhecimento em relação ao ciclo de vida das plantas, como o florescimento, a frutificação e a colheita.

Provavelmente, a coleta intensa de espécies, seguida por um manejo elementar, pode ter resultado na modificação de algumas populações, sugerindo, dessa forma, que a domesticação tenha precedido o cultivo.

É importante destacar que os termos domesticação e cultivo não são sinônimos, já que a domesticação envolve mudança na resposta genética, transformando formas silvestres em domesticadas, enquanto o cultivo relaciona-se intimamente com a atividade humana de plantio e colheita, tanto na forma silvestre quanto na domesticada. Além disso, a domesticação nem sempre evolui em relações agrícolas.

Existem diversos fatores que tentam explicar o que levou os caçadores-coletores a mudar o seu estilo de vida e, definitivamente, dar início à domesticação das espécies.

Entre eles, estão as mudanças climáticas ocorridas no final do período Pleistoceno, as quais forçaram não somente a concentração de homens e animais em oásis, como também a existência de sincronia durante as mudanças climáticas e culturais e a evolução gradual, irregular e independente em diferentes ambientes.


PRIMEIRAS PLANTAS DOMESTICADAS


A domesticação permitiu que diferentes tipos de interações de plantas, ambientes e pessoas fossem estabelecidos.


O ser-humano como agente de dispersão das plantas, e as comunidades de plantas domesticadas eram estabelecidas em áreas onde as pessoas viviam. Esse fator também foi determinante para que houvesse um padrão de sucessão entre as espécies de uso intensificado. Essas espécies domesticadas estão, dessa forma, sob ação de forças seletivas de grande importância evolutiva e apresentam mudanças morfológicas mais marcantes.


Os humanos tornam-se suficientemente dependentes de determinadas plantas para a sua sobrevivência, assim como a sobrevivência de algumas plantas torna-se dependente dos humanos, em algumas regiões.
Intensificando o sucesso desse relacionamento coevolutivo, um relacionamento especializado entre humanos e suas plantas domesticadas foi criado, de forma que se estabeleceu um sistema agroecológico primário.

Houve na domesticação, a proteção, a armazenagem e o plantio, sendo, portanto, comportamentos fundamentais. A domesticação agrícola é a consequência imediata do comportamento humano e da evolução dentro do sistema agroecológico.

A manipulação ambiental humana (fogo, irrigação e sistemas de lavoura) auxiliou o estabelecimento da agroecologia.
Em uma análise resumida, é possível inferir que a domesticação seja uma consequência direta da alimentação humana. A domesticação ocorre quando as pessoas afetam o ambiente de maneira tal que, indiretamente, beneficiam as plantas domesticadas.


A seleção das características na planta, que permitem o desenvolvimento de um processo simbiótico entre humanos e plantas, confere o início do sistema agrícola de fato, estabelecendo a domesticação agrícola.
O processo de simbiose que se estabeleceu entre populações de plantas e animais, é facilitado pelo aparecimento de características adaptativas dentro da primeira população, bem como por modificações no comportamento da última.


As plantas recebem pressão seletiva relacionada aos humanos e também ao ambiente. As mutações ocorridas nas plantas devem ser necessariamente “úteis” ao comportamento humano – modificado graças à competição – que acaba por excluir os tipos menos adaptados a esse relacionamento. Por fim, a domesticação afeta a planta em todos as fases do seu ciclo de vida.


EVANS, L. T. The domestication of crop plants. In: EVANS, L. T. Crop evolution, adaptation and yield. Cambridge: Cambridge University Press, 1993. p. 62-112.


Recomendo que você baixe e leia na íntegra as 900 páginas desse material da Embrapa – Origem e evolução de plantas cultivadas: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/746617/origem-e-evolucao-de-plantas-cultivadas


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