Estudos sobre microrganismos que habitam o solo vem apresentando uma importância cada vez maior. O solo é um sistema biológico dinâmico, considerado como o principal reservatório de diversidade biológica.
Recentemente, destaque vem sendo dado aos microrganismos que vivem em associação com animais e com plantas; menos de 10% das células vegetais e animais são suplantadas pelo número de células microbianas que lá vivem e que, em geral, são benéficas aos seus hospedeiros.
Algo semelhante ocorre no solo, cuja abundância média de vida comporta de 10.000.000 a 1.000.000.000 células microbianas com cerca de 10 mil diferentes espécies por grama de solo.
Esta diversidade depende de fatores abióticos e, entre eles, a atmosfera do solo, água, pH e muitos outros cujas relações fazem parte das pesquisas em ecologia microbiana do solo.
O Brasil com seus diversos biomas, alguns ainda pouco explorados do ponto de vista de sua microbiota, possui características peculiares que necessitam ser melhor abordadas.
Parte essencial do sistema solo, os organismos que o habitam possuem funções de grande importância, sendo estas consideradas atualmente como mais importantes do que previamente imaginado. Pode-se enumerar dentre as mais diferentes funções atribuídas a estes, algumas amplamente conhecidas, como a degradação de compostos orgânicos, e conseguinte ciclagem de nutrientes e aquelas mais específicas, como a fixação biológica de nitrogênio, ou o auxílio às plantas na absorção de nutrientes .
Numa visão geral, a diversidade microbiana dos solos é responsável pelos chamados serviços ecossistêmicos, caracterizados pelo conjunto de funções do ecossistema e dos recursos biotecnológicos supridos de forma determinante pela microbiota. Dentre estes, enumeram-se características essenciais ao solo, como a pedogênese, ciclagem do nitrogênio, transformação da matéria orgânica; até processos biotecnológicos, como a utilização da microbiota como alimento, promotora da biorremediação e do biocontrole, ou como promotora de processos de polinização . Este é um tema ainda pouco explorado com os recursos mais modernos de acesso à microbiota do solo, e portanto, bastante promissor na elevação da importância deste componente para o funcionamento de todo o sistema.
O SOLO NA FERTILIDADEDO SISTEMA PRODUTIVO
O solo é essencial aos sistemas produtivos, pois é nele e sobre ele que ocorre o desenvolvimento das plantas e dos animais, ou seja, os agroecossistemas. O solo desempenha a função de sustentar a produtividade agrícola, além de auxiliar na manutenção da qualidade da água e do ar, promovendo a saúde dos seres vivos.
Este corpo tridimensional e trifásico é manejado pelo produtor rural visando a obtenção de produtos e alimentos. O solo é composto por material mineral, material orgânico, água e ar.
A fertilidade do sistema de produção é resultado da interação entre o solo, a planta, o ambiente e o produtor. E este resultado pode ser mensurado através da quantidade de produção de biomassa, que é a expressão da vida no sistema.
A qualidade inerente do solo é função da sua formação, obtida a partir do material de origem, do clima, do relevo, dos organismos e da ação antrópica (seres humanos).
No entanto, a fertilidade do solo, é também dinâmica, pode ser recuperada e incrementada, mas pode ser também degradada.
Numa visão ampla da fertilidade do solo as características físicas, químicas e biológicas podem ser favorecidas para o desenvolvimento das plantas.
As ações do produtor rural, que é parte integrante do agroecossistema, podem favorecer a estruturação do solo, o incremento de carbono no solo e o desenvolvimento de microrganismos no solo.
Existem solos quimicamente pobres e que são responsáveis por grandes produções vegetais, ou seja, não é possível atribuir apenas às características químicas do solo a sua fertilidade. A fertilidade do solo é função das características integradas da sua qualidade física, química e biológica, não em um somatório, mas em sua sinergia, promovendo o solo vivo.
As informações sobre os processos naturais de criação de fertilidade nos ecossistemas permitem trabalhar os agroecossistemas de maneira a otimizar os processos, trazendo sustentabilidade à produção. O objetivo é conhecer a natureza e aplicar as suas leis e princípios no manejo dos agroecossistemas.
MICROBIOMA DO SOLO
Segundo a FAO os solos abrigam mais de 25% da biodiversidade do planeta terra. Um solo biodiverso inclui vertebrados, invertebrados, fungos, bactérias, vírus, e líquenes que fornecem funções e serviços ecossistêmicos ao sistema de produção.
O solo vivo é consequência das as ações antrópicas (do homem), quando se favorece o incremento da matéria orgânica, seja pela adição de resíduos animais ou vegetais, que vivificam o solo e consequentemente o agroecossistema.
Deste modo, é o produtor rural, que indiretamente, seleciona o microbioma do seu solo. Além das ações antrópicas, o clima, o relevo e o entorno influenciam de maneira direta na biodiversidade microbiana.
O microbioma do solo está diretamente relacionado com as condições físicas, químicas e biológicas do solo. Quando mais diversificada for a matéria orgânica aportada ao solo mais biodiverso será o microbioma do solo.
Os fungos do gênero Trichoderma são encontrados em solos do mundo inteiro e podem interagir com as plantas através da rizosfera (zona ao redor das raízes), promovendo seu crescimento, induzindo resistência a patógenos e como controle biológico
A decomposição dos resíduos culturais dos adubos verdes é um processo realizado essencialmente pelos microrganismos heterotróficos do solo, que deles retiram a energia, o carbono e os nutrientes necessários à produção de energia e à biossíntese microbiana. Deste modo, a fertilidade dos sistemas de produção é função do ambiente (clima e solo), da quantidade de produção de biomassa, com otimização do processo fotossintético, da biodiversidade e sua interação para a saúde do sistema, e da ação do homem como parte integrante do agroecossistema.
As características biológicas do solo estão intimamente relacionadas aos macrorganismos e microrganismos presentes e que se desenvolvem no solo em vida livre ou simbiose com as plantas.
O solo vivo é sinal da possibilidade da agricultura baseada em processos, em que os ciclos biogeoquímicos podem ser favorecidos para fornecimento de nutrientes às plantas nos agroecossistemas, com intervenção do produtor rural no sentido de transição de uma agricultura de produtos para uma agricultura de processos .
Na agricultura baseada em processos a vida em diversidade (biodiversidade) deve ser priorizada em relação ao desenvolvimento de uma única espécie (monocultura).
Exemplificando: na agricultura baseada em produtos, quando o produtor precisa fornecer, por exemplo, nitrogênio (N) às plantas, ele recorre a um adubo químico, seja ureia ou uma formulação NPK, no qual, além de fornecer o nitrogênio, poderá fornecer fósforo (P) e potássio (K); na agricultura de processos, o produtor prioriza a fixação biológica do nitrogênio (FBN) pela adubação verde com espécies de plantas fabáceas (leguminosas), as quais, por simbiose com bactérias do solo, fixam o nitrogênio, fornecendo-o ao sistema solo-planta.
Lembre-se que, na natureza, o nitrogênio é encontrado na forma de gás na atmosfera, ocupando certa de 78% dos gases. No entanto, não é apenas como ocorre o suprimento de nutrientes minerais e sua ciclagem aos sistemas produtivos que possibilita a sustentabilidade, mas também como a biodiversidade interage entre si; seja cumprindo seu papel na cadeia alimentar, seja, de forma direta ou indireta, favorecendo o desenvolvimento de cada indivíduo ou coletivo no ecossistema.
Além disso, há de se buscar a maximização da fotossíntese pelos organismos produtores, pois este processo é essencial à vida. Neste sentido, técnicas que auxiliem no condicionamento climático e no condicionamento do solo precisam ser implementadas e corretamente manejadas visando potencializar seus efeitos a curto, médio e longo prazo.
Há necessidade de se promover ações antrópicas no sentido de recuperar e incrementar a fertilidade dos agroecossistemas.
Técnicas agroecológicas, empregadas em conjunto no tempo e no espaço, formam uma tecnologia de produção, que visa otimizar a produção de alimentos saudáveis, por pessoas saudáveis, para pessoas que querem se alimentar de um produto isento de resíduos e de melhor qualidade nutricional.
CORSINI, I.; LABIGALINI, I.; GOMES, T. M.; FREIRE, ALVARENGA, M. T.; VERRUMA-BERNARDI, M. R.; ROSSI, Fa. Minitomateiro em sistema orgânico inoculado com Trichoderma asperellum e consorciado com hortaliças da família fabaceae. Revista Ciência Agronômica, v. 52, p. 1-9, 2021.
CARDOSO, Elke Jurandy Bran Nogueira; ANDREOTE, Fernando Dini. Microbiologia do solo.2ª Edição USP Piracicaba, São Paulo , 2016
Gomes, Tamara Maria Água e solo na agricultura sustentável / Tamara Maria Gomes, Fabrício Rossi. –- Pirassununga: Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo, 2021.56 p.
KHATOUNIAN, C. A. A reconstrução ecológica da agricultura. Botucatu: Agroecológica, 2001. 345p.
LABIGALINI, I.; SALA, F.C.; GOMES, T. M.; CORSINI, I.; ROSSI, F.. Green manure, Trichoderma asperellum and homeopathy in cultivating the biquinho pepper. Revista Ciência Agronômica, v. 51, p. 1-10, 2020.
PIMENTEL, D. et al. Economic and environmental benefits of biodiversity. BioScience, Washington, v. 47, p. 747-757, 1997.
Convido você a conhecer agora mesmo o meu curso 100% on-line sobre o cultivo de plantas de comer, plantas ornamentais e plantas medicinais. Venha aprender ainda mais comigo sobre a arte da jardinagem: https://demislima.com.br/jardinagemdedoverde
Me siga nas redes sociais e fique por dentro em primeira mão de todas as novidades com conteúdos muito ricos sobre o cultivo de jardins, árvores e amigos:
“Pensando no futuro, cultive desde já: JARDINS, ÁRVORES E AMIGOS.”